Existem duas correntes filosóficas principais para inquirir sobre a vida. O dualismo e o monismo. Entenda-se por dualismo a atribuição de duas características importantes à matéria viva. A matéria propriamente dita e o espírito, a alma, a força vitalista, ou o que quer que defina a fração imaterial e invisível que comporia o ser vivo. Segundo essa visão, não basta que tenhamos um sistema organizado, no qual as reações químicas que constituem o metabolismo celular encarreguem-se de prover energia para os processos vitais, além de interagir com o meio ambiente. Na visão dualista, há também algo mais, que promove e controla todas as manifestações do ser vivo e que, de certa maneira, lhe dá uma direção, um propósito. Somente quando o ser morre, o corpo se torna exclusivamente matéria. Porém, após a morte, a alma ingressaria então em um plano sobrenatural, cuja estrutura vara de acordo com as diversas crenças que interpretam a vida dualista. Em algumas, o espírito passaria a habitar uma região perfeita e justa, livre dos problemas do plano material. Em outras, o espírito seria reciclado e voltaria a “animar” um organismo, semelhante ou não, àquele que morreu.
De forma geral, o dualismo também implica que tanto o Universo como todas as forças de vida tenham sido criadas por um demiurgo, uma entidade divina, ou um princípio organizador que transformou o caos do Universo em compartimentos organizados e com propriedades distintas. A um desses sistemas denominamos vida. Assim, é comum associar ao dualismo o conceito do criacionismo, que nada mais é do que um ato ou evento no qual a matéria é criada a partir do nada.
Já o monismo interpreta a natureza estritamente do ponto de vista da física, da matéria, sem a intervenção de um componente espiritual. No monismo, ou materialismo, tudo que observamos ao nosso redor, direta ou indiretamente, é produto de interações físico-químicas. Esse cenário também inclui a vida. Isso não quer dizer que a filosofia monista tem explicações para tudo. Muito pelo contrário. Conforme já foi aludido, poucos são os fenômenos entendidos em toda sua extensão. No entanto, a diferença mas perceptível entre o dualismo e o monismo é que este último generaliza certos princípios utilizados para se estudar um determinado fenômeno, os quais necessariamente seguem os ditames do método científico. Em outras palavras, os modelos materialistas da natureza devem ser formulados com base em medidas sistemáticas e lógicas que idealmente permitam prever com um determinado sistema irá se comportar sob certas condições. A noção e o uso do método científico ficarão mais claros em nossas discussões subseqüentes.
Como consequência da forte aliança entre o monismo e o método científico, a visão materialista da natureza evita sempre que possível apelar para o criacionismo como uma explicação razoável tanto para a vida como para a própria matéria. O materialismo procura usar o conhecimento disponível para propor hipóteses que expliquem de maneira razoável as observações feitas pelos filósofos e cientistas. Foi desse modo que as ideias evolucionistas substituíram o criacionismo. No entanto, ainda há dificuldades. Veremos que, logo de início, a própria cosmologia, em uma de suas versões para a origem do Universo, de certa maneira apela para o criacionismo. Mas não é exatamente o criacionismo das doutrinas religiosas. Esse que entre os cosmólogos recebe o nome de “singularidade” é simplesmente um dispositivo, um recurso inventado pelos cientistas, que apela para um arquivo ainda vazio da física. Os físicos esperam que num dado momento essa explicação apareça de maneira mais convincente. O advento de uma nova física, ou um adendo à física contemporânea será importante para eliminar a possível ambiguidade entre o criacionismo dualista e o evolucionismo no contexto da discussão da origem da vida. De qualquer modo, todos os argumentos encontrados nessa temporada do blog foram construídos com base no método científico, ou seja, são modelos que lançam mão exclusivamente das pistas mencionadas.
1. Introdução
1.1 Como a Vida Surgiu e Como Evoluiu
Fonte: AB INITIO de Franklin David Rumjanek
De forma geral, o dualismo também implica que tanto o Universo como todas as forças de vida tenham sido criadas por um demiurgo, uma entidade divina, ou um princípio organizador que transformou o caos do Universo em compartimentos organizados e com propriedades distintas. A um desses sistemas denominamos vida. Assim, é comum associar ao dualismo o conceito do criacionismo, que nada mais é do que um ato ou evento no qual a matéria é criada a partir do nada.
Já o monismo interpreta a natureza estritamente do ponto de vista da física, da matéria, sem a intervenção de um componente espiritual. No monismo, ou materialismo, tudo que observamos ao nosso redor, direta ou indiretamente, é produto de interações físico-químicas. Esse cenário também inclui a vida. Isso não quer dizer que a filosofia monista tem explicações para tudo. Muito pelo contrário. Conforme já foi aludido, poucos são os fenômenos entendidos em toda sua extensão. No entanto, a diferença mas perceptível entre o dualismo e o monismo é que este último generaliza certos princípios utilizados para se estudar um determinado fenômeno, os quais necessariamente seguem os ditames do método científico. Em outras palavras, os modelos materialistas da natureza devem ser formulados com base em medidas sistemáticas e lógicas que idealmente permitam prever com um determinado sistema irá se comportar sob certas condições. A noção e o uso do método científico ficarão mais claros em nossas discussões subseqüentes.
Como consequência da forte aliança entre o monismo e o método científico, a visão materialista da natureza evita sempre que possível apelar para o criacionismo como uma explicação razoável tanto para a vida como para a própria matéria. O materialismo procura usar o conhecimento disponível para propor hipóteses que expliquem de maneira razoável as observações feitas pelos filósofos e cientistas. Foi desse modo que as ideias evolucionistas substituíram o criacionismo. No entanto, ainda há dificuldades. Veremos que, logo de início, a própria cosmologia, em uma de suas versões para a origem do Universo, de certa maneira apela para o criacionismo. Mas não é exatamente o criacionismo das doutrinas religiosas. Esse que entre os cosmólogos recebe o nome de “singularidade” é simplesmente um dispositivo, um recurso inventado pelos cientistas, que apela para um arquivo ainda vazio da física. Os físicos esperam que num dado momento essa explicação apareça de maneira mais convincente. O advento de uma nova física, ou um adendo à física contemporânea será importante para eliminar a possível ambiguidade entre o criacionismo dualista e o evolucionismo no contexto da discussão da origem da vida. De qualquer modo, todos os argumentos encontrados nessa temporada do blog foram construídos com base no método científico, ou seja, são modelos que lançam mão exclusivamente das pistas mencionadas.
1. Introdução
1.1 Como a Vida Surgiu e Como Evoluiu
Fonte: AB INITIO de Franklin David Rumjanek
A ciência talvez não explique tudo mas a religião não explica nada.
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